Não digas nada.
Apenas sente o momento a trespassar a tua pele, a desmanchar-te em ansiosas perguntas e arrepiar-te em profundos medos.
Não digas nada.
Sente o meu perfume num leve beijo de adeus.
Adeus à memória, adeus à esperança, adeus ao sonho e ao
prometido.
Não, não é preciso dizeres nada.
Tudo o que era para dizer já foi dito. Nem um ponto a mais, nem uma vírgula a menos.
Que estranho sentimento: nem nada falta nem nada resta...
Não digas nada.
Apenas responde-me com a gratidão do teu olhar.
Também o sentes?
Este estranho sentimento de nada faltar e restar?
Espera.
Estou a ver um sinal. Tu choras. Os teu olhos dizem-me que sim, que também o sentes...
Não. Fica onde estás.
Olha para mim, não para o chão.
Não recues. Apenas olha-me.
Eu sei que já nada resta. Já tudo foi dito. Não há mais promessas nem mentiras.
E a reserva do que sentíamos (e que bonito que era) já se desgatou. E desintregou-se
em mil lágrimas partilhadas por ti, nesse teu mar de arrependimento - consigo-o ver pelos teus olhos.
Não digas nada.
Eu sei o que me querias dizer, mas já não vale a pena, já não faz diferença.
Já não restam mais palavras para tudo o que se passou,
apenas isto: um leve beijo de adeus.
Não digas nada.
Este silêncio entre nós será a nossa única memória que restará - sem pecado na alma e dor no desejo.
Este silêncio perpertuar-se-á nos teus momentos a sós, contigo próprio.
Até poderes, finalmente, dizer algo mais.
Até me poderes dizer "Desculpa" .
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