"Eu também sou vítima de sonhos adiados, de esperanças dilaceradas, mas, apesar disso, eu ainda tenho um sonho, porque nós não podemos desistir da vida."

Martin Luther King

sábado, 28 de junho de 2014


3 Quartos de Hora




A lágrima caiu no cigarro. Depois dei mais um bafo. Assim, inspirei novamente toda a tristeza, toda a dor, todo o vazio, contido nessa única lágrima de tantas outras.
O cigarro és tu. A lágrima é minha, mas o criador és tu ...
O cigarro és tu, pois inspiro-te uma vez, e outra vez, e outra.
Saindo apenas um fumo negro sem esperança à vista. Apenas fumo. Fumo negro. Fumo condenado.

É irónico o nosso destino.
No Passado escrevias tu os poemas, de Amor, dedicados a mim e para mim, pois roubaram-me de ti.
E trespassavas para lá a tua dor, dessa tua perda. Estavas triste sem mim.
Querias-me de volta.

Querias, pois entretanto, tiveste-me de novo. E que lindos versos foram esses, de quando estivemos juntos novamente. Mas foram curtos, demasiado curtos e condenados ao fracasso, à morte.

Agora é essa tua musa antiga, a quem escrevias, quem escreve hoje em dia.
Neste Presente, presente nada agradável, sou eu que escrevo por não te perceber. Esta volta de 180º não tem sentido, não tem volta a dar para voltar ao grau 0.

Morreste. A pessoa que conhecera outrora, morreu.
Hoje em dia odeias-me, quando no passado amavas-me... e idolatrávamo-nos um ao outro.
Hoje, apenas eu idolatro. Mas hoje, a tua maldade, não o teu bom génio de antes, esse desapareceu... Se calhar com as tuas palavras, não sei...

Mesmo assim, fazes-me amar-te cada vez mais, dolorosa e lentamente, sem dó nem compaixão.

Hoje em dia escrevo, na esperança de tu mudares para o bom, ou pelo menos para a boa ilusão que eras.

Este amor é tóxico. É uma bomba-relógio.

Este é o dia para eu esquecer que te tenho de esquecer. O teu dia. O único dia do ano para me prenderes nisto. Os outros 364 dias (ou 365) vivo lembrando-me de te esquecer, sobrevivendo assim. Hipócritamente embebida nesta felicidade total e sorrisos leiloados, perante todo o mundo, mas mesmo assim, parecendo-lhes feliz.

Hoje é o dia para me magoar, para me lembrar deste amor, que apenas me traz dor... Amanhã é outro dia. Que se lixe o de hoje. Hoje é teu. Por isso, prometo-te como prenda, para todos os Presentes dos próximos anos, que neste dia dedico-o a ti. Dando-te o meu sofrimento em prol do meu Amor por ti.

Mas meu amor já nem o queres, por isso, penso que muito menos o meu sofrimento... Que burra sou ...
Ou então não, até deves ficar contente, visto que me odeias e me farias em farinha (tens sorte que sou branca como o mármore). Não sei. Sei lá. Não te sei ...

Hoje, 29 de Junho, choro-te. Venero-te estupidamente. Dúvido de mim própria, da minha sanidade mental, já não bastando duvidar da tua.

Este é o dia em que outros do meu sangue me estupidificam. E passam por mim, ignorando este dia, ignorando-me para não se chegarem perto desta minha ''sida'', desta minha condenação por ti; como se tu nunca tivesses existido, e compreendo, já que és o Diabo em pessoa.

Hoje é o dia em que apenas questiono perguntas sem resposta.

Apenas choro. Perco-me. Condeno-me a isto.

Parabéns pelos teus 3 Quartos de Hora. Parabéns Pai.


tirada na manhã de 28






























sábado, 21 de junho de 2014

Dilema.


ser santa e pecadora não faz parte do mesmo verso
não consigo suportar mais esta pressão
está-se a tornar demasiado perverso

sei que estarei a mentir
se disser que sou completamente feliz
por ter medo de magoar por partir
é que decidi assim, continuar com o aprendiz

socorro é a única coisa que peço
perdão ainda não foi preciso
não se foi todo o apreço
mas isto é já um aviso

tenho medo de não querer
todo o seu esplendor
ou melhor dizendo, de não o merecer
por não dar o devido valor

rumo ou pelo destino da perdição
tecendo assim o meu fim neste mal lazer,
ou rumo pelo que mais precisa de atenção
mesmo sabendo que tenho muito a fazer

este é o dilema, o demónio:
impulso ou razão?

este o medo:
 '' - esquece. já tá feito.
nada mais a fazer.
sei que fui fraca
que não me consegui controlar
que perdi minha teara
pois fugi do altar... ''

por isto, demónio vai-te. vai-te foder. vai-te foder a ti e aos teus pecados. mas vai-te.



quarta-feira, 21 de maio de 2014

O Homem sem sentido


seu cruel sentido,
seu rumo maléfico,
sua alma esmagada,
seu jeito anti-benéfico.

não foi ele quem virou a página,
apenas destruiu o livro.
foi sua saída da monotonia de se viver
para no fim, se prender.

não, não é capaz.
não é capaz de construir algo grandioso.
apenas algo sem jeito,
algo defeituoso.

sua paz não nos comove,
pois sabemos que por dentro é espírito inquieto.
é um aficionado e obcecado
por este ser,
pela sua desgraça.

não, não é capaz
de ler nos seus olhos tanta maldade junta,
tanta simplicidade do seu jeito diabólico,
mesmo sem assim parecer aos olhos do mundo,
cuja interpretação deste, é ser mais um normal.

seu sentido cruel não nos espanta.
apenas nos desencanta o seu desencanto
por si, pelo resultado
da fusão com outro ser
o qual, ele nunca quis saber ...

o seu sentido, já não o há.
essa força do mal, já não se entende.
porque não vira ele a página de vez?
porque não muda ele o tom do seu rumo?

porque não pinta ele doutra cor,
esses seus olhos cobertos de dor,
para se preencherem agora, finalmente,
de amor?

''talvez, talvez...''
responde o Homem.

talvez então agora diga,
que já nem o seu sentido cruel,
tem sentido.

e no fim, quando podia ao menos ser um sem-abrigo,
decidiu assim, tornar-se num Sem-Sentido.



segunda-feira, 17 de março de 2014

Menina da Janela





Menina da janela
Que tormentos são esses que te assombram?
Menina da janela,
Posso ver o teu sorriso?
Amarelo à luz das velas
Mas por dentro bem bonito?

Menina da janela,
Deixa-me ajudar-te.
Ato uma corda à garganta desses teus fantasmas,
E voamos juntos pelo norte
Sem fim nem rumo,
Voando simplesmente pela luz da sorte.

Menina da janela,
Não chores.
Não chores menina bonita,
Vai tudo passar.
Vais ver.
Esses demónios que te possuem,
Verás que os combaterás,
Sem no fim,
Em neles te tornares.

Acredita.
Tem fé e esperança.
Pois tudo melhorará,

Tudo vencerás … 

domingo, 16 de março de 2014

Exorcismo.

Que sei eu?
Nada sei, nem nunca deverei.
Verdades acerca de mim? Não conheço, nem por elas esperei
Ou sequer rezei.
Se por dizê-las fui, então sempre errei.

Será por prazer? Ou por diversão?
Será por loucura? Ou por desilusão?

Dizê-lo.
Dizê-lo é forte e em bom som.
Mas Vivê-lo.
É duro, íntimo e num outro diverso tom.

Não sei, pois sou Ninguém.
De quem nunca amei.

Sinto-me possuída. Extraída de um outro ser.
Sinto-me iludida, pelo meu próprio parecer.
De sangue outrora iluminado,
Que no futuro será
Um fracasso desesperado.

E esse futuro que não me pertence,
Pertencendo a outro sim senhora,
Roubo-o a cada segundo teu,
Para acabar num lixado mundo meu.

Mundo esse que desatina,
Que desatina mente minha.
Mente desesperadamente na minha sina,
E que desfoca tudo
O que atravessa na minha retina.

Rotina?
Não. Pura toxina.

Parece que troco os sentidos,
Ou melhor dizendo,
O sentido de cada imagem
Deste puzzle designado Esperança,
Que chega a mim tremendo
Com medo de se tornar em miragem.

Não sei. Não sinto. Porque não minto?
Que venha então o absinto…

Pois não sei quem fui, ou se sou ou se serei.
Só sei que continuo a sentir essas correntes
Do seu estado bem demente
Que me aflora esta dor
E assombra esta minha mente,
Para eternamente.

Por isso, porque não vamos?
Porque não vamos parar esta loucura maldita?
Entre famílias desenlaçadas
Por um destino fatalmente trancado,
Por máguas,
Por trevas,
Por merdas,
Por guerras.

Não sei quem sou. Se serei eu um Eu,
Ou se simplesmente vivo,
Paradoxalmente, desssa tua alma
Que indubitavelmente
Matou toda a minha calma.

Estou farta. Estou a ficar cansada.
De viver nesta mentira,
Nesta puta da fantasia!
De finais felizes mas de tristes risos!

Pára! Pára com a tua loucura!
Pára com esse teu jogo de me tornar na tua pessoa.
De viver a tua vida em vez de seguir em frente com a minha,
Por causa da tua saída!
Pára de me assombrar o espírito de noite e de dia!
Pára com esse inferno!
Pára de te rires às minhas custas,
Com as tuas obcecadas facadas em mim,
Hoje cicatrizes por ti realçadas. 


Não quero mais viver nesse inferno…
E então hoje,
O meu amor por ti,

Desistiu aqui, 
Sozinho,
À procura do seu Fim.