"Eu também sou vítima de sonhos adiados, de esperanças dilaceradas, mas, apesar disso, eu ainda tenho um sonho, porque nós não podemos desistir da vida."

Martin Luther King

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Em busca de uma outra dor.


Eu fujo. Eu corro. Eu grito!
Eu peço ajuda, e nada. Eu peço que me oiçam, e nem um silêncio. Eu peço um perdão, e nem uma palavra oiço…

Eu pensava que já tinha deixado para trás essa grande mágoa. Mas parece que não.
Á noite, quando sonho com os meus montes verdejantes e com cavalos brancos e pretos e de todas as cores, a lá pastarem, assombram-me aquelas memórias… aquelas terríveis memórias. De uma outra vida, de um outro descontentamento, mas de que ao mesmo tempo me achava mais feliz, menos vazia!
Não o percebo. Não percebo o porquê desta grande confusão neste meu pobreespírito! Supostamente era para me sentir mais feliz num sítio em que existe gente que nos ama, que nos abraça, que chora por nós, que compartilha e sente também as nossas próprias dores… Era suposto ser assim.

Mas porque é que comigo assim não o é também? Que raios!
Que raios de minha gente é que eu sou?? Estes meus pobres de espírito já nem sabem com o que se devem contentar… estou partida. Quebrada. O meu ser, o meu glorioso ser que em tempos eu fui, já partiu.
Partiu desgraçado em busca de uma outra dor, mas menos forte.
A felicidade, não sabe ele o que é. Pois nunca a teve. É triste, ver que esse pobre ser, que em tempos fora eu, glorioso, vitorioso mesmo nas batalhas mais difíceis, acabara por morrer. Não de morrer fisicamente, mas de espírito. De luta. De garra. De esperança…
Eu morri naquela noite. Todo o meu orgulho em meu ser, se desfez em pó nas tuas injúrias… na tua raiva por mim.

 A minha existência, nunca tu o desejaste em ter. a minha alegria, muito menos tu o desejaste em ver. Pois tinhas medo de se confrontar com a tua infelicidade, com a tua injustiça de viver!
Tu não querias. Tu não o desejavas! De que eu fosse mais forte do que tu, de que eu ultrapassasse ventos e marés, enquanto permanecias à minha espera no cais, como se a torcer contra as minhas forças, para te sentires mais leve, mais superior a mim.
Mas caías. Voltavas a cair nos teus infortúnios. Eu chegava sempre ao cais, mesmo tu soprando com quantas forças tu tinhas, as piores tempestades contra mim… Eu caía. Ora eu me levantava. Eu chorava, ora eu me limpava. Eu tremia, ora eu olhava em frente.

Tu nunca o conseguiste, essas minhas proezas. E eu que era uma singela flor, eu que era pura e inocente como o branco dos céus! Mas tu não, tu eras as tempestades, as vinganças dilaceradas, eras as dores de todo o mundo, e de mais nada a não ser de ti.

 Mas agora ali está ela.
 A minha outra pessoa.
 A que saíra, em tempos, gloriosa de um passado assombrado, tenebroso.
Está em busca de uma outra dor, de uma outra dor mais profunda, para se esquecer de procurar a felicidade, pois tem medo que essa também a magoe…














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