"Eu também sou vítima de sonhos adiados, de esperanças dilaceradas, mas, apesar disso, eu ainda tenho um sonho, porque nós não podemos desistir da vida."

Martin Luther King

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Tenho em mim todos os Livros do Mundo.


monólogos||

"sim, esta é a minha coleção de livros, embora que gostaria de ter muitos mais, só que cheguei a uma conclusão em que prefiro gastar o meu dinheiro noutras coisas. não é que esteja a dizer que sejam mais importantes que os livros para mim, pois estes sim, são a minha vida, assim como alguns dos meus familiares, alguns dos meus amigos e as minhas pequenas: tantos as duas traquinas racionais, como as irracionais (mas bem mais racionais do que eu, nestes últimos tempos).

como estava a dizer, digo isto, pois sinto que se os comprar só estou a ser mais consumista e a não lhes dar o devido valor.

gosto mais de os partilhar, de saber que foram lidos por outros grandes olhos ou por uma alma tão vagabunda como eu, uma alma que sonha em vaguear sem saber por onde andar ou ir. por saber que naquela noite não deixaram alguém grande sozinho em vão. por saber que fizeram a companhia certa numa tarde de sol, num parque ao relento do vento, ou numa praia, ou numa floresta.

gosto de ter a noção que aquele toque, desse livro, já foi diferente. gosto de pensar o quão reconfortável tornou os sonhos de outrem, o quão libertador tornou a mente de alguém tão irrequieto de sonhos como eu. tão de me mente. tão demente, literalmente, de alma, no sentido do grande Friedrich Nietzsche:

 - "E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música."

continuando, ao longos destes anos pequenos, fui-me apercebendo que os livros também são seres vivos: pois transportam sonhos, pensamentos, histórias e vivências grandiosas de grandes escritores, de grandes almas desaperfeiçoadas à procura de algo maior, de meras pessoas que simplesmente sonhavam, que simplesmente se retratavam nas suas escritas.

sinto que escrever é uma forma de viver. eu posso ser uma vagabunda morta neste momento, mas sentir-me a mais viva de todos os seres vivos só por escrever. por me deixar transparecer, por reencontrar o meu ego mais profundo, o meu eu mais íntimo, aquilo que quero ser. daí dar tanto valor a um livro.

voltando à história, para mim, um livro é como um pássaro que não pode estar fechado numa gaiola, se não perde a sua essência. para mim, o melhor que posso fazer por um livro é simplesmente dar-lhes toda a liberdade que merecem ter e vaguear por todas as almas deste mundo, por todos os sonhos desta terra, por tanta coisa. por todos nós.

adoro chegar a uma biblioteca e sentir o cheiro da capa do livro na minha pele. adoro sentir que aquela futura história, me irá mudar de certa forma, tanto para o bem como para o mal. mas muda-me, e isso, para mim, é viver.

adoro percorrer aqueles grandes labirintos fecundos de letras, de emoções e pensamentos ausentes de donos. estão livres. nasceram. vivem.

para mim um livro é para ser partilhado, por isso adoro bibliotecas.
parece que se me sorriem de cada vez que entro. já os estou a ver, lá chega alguém para pegar num deles e eles a rirem-se de contentamento, de alegria, da sensação de liberdade que é quando dão liberdade a outro ser.

são pássaros, é compreensível. são também jovens sonhadores, é compreensível. são também livres autores de pensamento e mudanças, são os novos revolucionários do século, são o tudo ou nada. é compreensível.

por isso é que tenho a minha estante quase que vazia, embora tenha uns belos 50 livros. 
quantidade não é qualidade, atenção. 
mas por isso reforço o que te dizia antes: posso ter aqui poucos livros, mas neste coração sozinho que não sabe de que mundo é, tenho todos os livros do mundo."


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