"Eu também sou vítima de sonhos adiados, de esperanças dilaceradas, mas, apesar disso, eu ainda tenho um sonho, porque nós não podemos desistir da vida."

Martin Luther King

terça-feira, 1 de setembro de 2015

// BIPOLARIDADES


esta rotina sufocante, que me prende nestes presentes, não dá
mais para aguentar.

estes trabalhos suplentes de sonhos grandes e impotentes, nada trazem, só
retiram, não dá mais para aguentar.

estas pessoas sem alma, vazias de dentro e por fora, não percebem o que é viver; não percebem a impulsão de um sentimento em vão que te leva
pela estrada fora sem rumo, sem perdição. estou farta.

sinto que a cada dia mais me vou perdendo. que a cada dia mais esventro o meu pulso esquerdo, do lado do coração, para dar mais valor à razão já que o
escrito ''carpe diem'' neste pulso não tem espaço suficiente nesta vida para viver plenamente. para se libertar. para se auto-reconhecer. para aprender.
para ler. para viajar. para tocar musica. para tanta coisa.
fodass.

ai que merda, vida. vida, vida que merda.

tira-me daqui. liberta-me deste sufoco. não aguento mais. vivo em constante bipolaridade, para não falar da imensa depressão que está sempre escondida.
sinto que a cada dia mais me torno mais velha, velha mesmo de alma, e que o conteúdo quer explodir e não pode.

deuses, tenho que editar o meu livro. e por acaso já algo fiz para isso?

fodass Tânia, como foste aqui parar?! tu não querias viajar? África não era o teu sonho? o grande VV não era o que querias? viajar e voluntariado?
tocar música pelo caminho, ler bons livros, ver um documentário acerca dos grandes mistérios da mente, aprender mais sobre a bíblia (que por acaso ando a ler, menos mal), o torá ou mesmo tornares-te budista? que é feito disso?

ao invés, trabalhas em sítios de merda para pagares rendas de merda, para comprares coisas de merda, para viveres na merda, para viveres uma vida de merda,

esta não és tu! dá voz ao teu interior de outrora, àqueles grandes sonhos e viagens, a tudo o que querias aprender... piano, bateria, neurologia, teatro, medicina, danças latinas, escritas repentinas, canetas submarinas, dietas mentais slash sociais milagrosas... deuses, já nem digo coisa com coisa.

esta droga é maldita. sinto ter tanto para dar mas prendi-me a esta vida de rotina, em que as pessoas que vejo mais me parecem fantasmas negros do que propriamente almas vivas e coloridas.

a mia não me deixa escrever. sempre à frente de mim. agora está por baixo do meu queixo, mas mesmo assim é das poucas coisas vivas que me têm dado um pouco mais de cor.

já não me sinto a mesma de antes. aquela Tânia grande e vitoriosa que nunca se iria deixar levar por esta grande maré de azar e rotina, por trabalhos de merda só para pagar rendas de merda
e comidas de merda e despesas de merda. só digo merda.

agora tocam -me à campainha neste bairro desgraçado. deixem me em paz porra, já não basta não ter a minha privacidade suficiente e ainda me chateiam com isto.

sinto que alguém grandioso quer sair de dentro de mim mas presto por estas convenções socias de merda.

adoro artistas e exploradores, pois são as pessoas que mais exploram o seu interior bem negro, bem lá no fundo da dor.
gosto dos exploradores pois percebem melhor as palavras de um livro do que qualquer outra pessoa. e costumam ser essas mesmas que me conseguem ler e compreender no fim disto tudo.

se continuo assim, o fim está para vir.
hum, parece que já nem vejo o fim da linha, pois está bem perto de mim e desfocado, sinal da morte?
tenho que me libertar destas correntes, tenho que me libertar de mim própria, este ser que não conheço habita em mim e só me sufoca, quer tirar me o lugar de viver, quer me matar.

fodass, tirem me deste corpo. quero só a alma e a mente.

tirem-me deste Presente.

vou-me.\\


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