"Eu também sou vítima de sonhos adiados, de esperanças dilaceradas, mas, apesar disso, eu ainda tenho um sonho, porque nós não podemos desistir da vida."

Martin Luther King

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Íris de Vidro



é uma dor constante. e as palavras saem sufocadas, esgotadas...
de tanta lágrima escorrida, marés se formaram, 
a partir de lagos gelados que se esvaziaram.

não sei o que sinto. não sei porque minto.
esta menina querida, que tanto ouvem falar,
tem sempre algo a dar,
ou um sorriso a falsificar.

é uma máscara. venenosa. poderosa.
não te queiras prender a ela.
pois eu fi-lo. 
escondi no meu próprio sangue,
o suor,
o medo,
a frieza, 
e toda a tristeza.

por fora é tudo felicidade.
é tudo sorrisos de bondade,
amor e ingenuidade.
as sardas fora expressam as gargalhadas, por dentro, leiloadas.
os olhos escondem as marés, nunca com ninguém partilhadas.
o peito bombeia a saudade nunca antes saciada.

e a minha infelicidade apenas reflecte a puta da realidade.

que mais fazer?
já nem penso correto.
mas eu estou bem. 
não percebo.

não me morreu ninguém,
presentemente.

ninguém me tratou mal,
presentemente.

ninguém me abandonou, 
actualmente.

a questão, não é o agora. é o passado.
e nesse, ninguém mente.

foi duro. é duro. ainda transporto essa corrente, para medos futuros, cobardemente. 
de futuros casamentos,
e de seus desalentos.
de futuras discussões lerdas,
trazendo atrás suas perdas.
de futuras infelicidades,
movidas pelas saudades.
de promessas feitas à pressa,
que a ninguém depois interessa.


obrigado meu sangue venenoso por me dificultares mais uma vez este meu caminho.
caminho que a cada dia construo,
com suor, garra, amor e determinação.
caminho que a cada dia mais me faz ver a luz e 
chorar de alegria, 
por puder ver tudo com olho mais maturo.

mas mesmo com o facto de tu me permaneceres ausente, 
consegues transformar toda a merda,
no meu presente.






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